Um estudo da Unesco sobre mortes de jovens divulgado recentemente aponta que o Recife lidera o vergonhoso ranking de violência urbana no Brasil.
O estudo, chamado de "Mapa da Violência: Os Jovens do Brasil", mostra que Pernambuco passou de 4º para 3º lugar no ranking de assassinatos com vítimas entre 14 e 25 anos.
Em todo o estado a taxa de homicídios é de 103,4 para cada 100 mil habitantes nessa faixa etária, enquanto que a média nacional é de 52,2.
Do total de jovens mortos, quase 57% foram assassinados. A média nacional ficou em 39,9%.
De acordo com o estudo, a cidade do Recife aparece como a mais violenta do Brasil.
No ranking da criminalidade contra jovens, Pernambuco fica atrás apenas do Rio de Janeiro (118,9) e Espírito Santo (103,7).
Já quando são observadas as mortes de não- jovens, o Estado sobe para o 2º lugar, com taxa de 54,5, contra 56,5 do Rio de Janeiro.
Outro dado assustador é justamente o crescimento dos índices de violência nas regiões interioranas em detrimento das capitais.
O estudo sugere que o número de homicídios nas metrópoles subiu 1,6% e nas regiões metropolitanas o incremento foi de 2,4%. No Interior, esse índice foi de 8%.
Pernambuco também está entre os três primeiros colocados no que diz respeito à diferença entre os índices de morte violenta de negros em relação a brancos. Enquanto no Brasil esse percentual é de 65,3%, em Pernambuco a diferença supera os 300%. E entre os jovens, o percentual é ainda mais alto: o estado aparece com variação de 409%, sendo que os homens são o principal alvo. Os números nacionais mostram que 93,8% dos jovens assassinados são do sexo masculino, contra 95,8% em Pernambuco.
Nos finais de semana, há um aumento de 68,2% no número de homicídios entre vítimas de 14 a 25 anos. Em Pernambuco acontecem 70% a mais de assassinatos de jovens nesse período da semana.
O uso de armas de fogo nesses crimes também deixa Pernambuco no topo da lista. É o 1º lugar no ranking, com 87,7% dos homicídios causados por revólveres. Metade das mortes de jovens por qualquer causa no Estado foi provocada por armas de fogo.
Há algumas semanas o programa global Profissão Repórter tratou do tema e retratou o Recife como a capital com o maior número de homicídios do país.
Não seriam estes dados um sinal de alerta urgente? Não é chegada a hora dos políticos encararem com maior seriedade e competência a questão das políticas de segurança pública no Brasil?
Além disso uma distribuição de renda mais justa e a inclusão social dos mais pobres e desfavorecidos fariam uma grande diferença se ocorressem na prática e não só nos discursos demagógicos em épocas de eleições, como vemos agora.
O que sempre me questiono é se já não nos sensibilizamos mais com tantos crimes bárbaros. Por que? Será essa insensibilidade fruto de pouca compaixão? Perdemos a sensibilidade humana?
O fato é que não podemos mais tapar o sol com o peneira. Não dá para fingir que nada acontece ao redor. A coisa como está não pode seguir.