Nos últimos dias temos visto notícias sem fim nos meios de comunicação brasileiros sobre o italiano Cesare Battisti.
A polêmica toda é causada pela decisão do governo brasileiro em conceder status de refugiado político ao ex-militante de esquerda.
O governo e o povo italiano protestam duramente, mas o presidente Lula diz que não voltará atrás com relação ao asilo político de Battisti.
Para entender melhor o caso Battisti, basta dar uma olhada na cronologia histórica que cito abaixo:
Battisti nasce no ano de 1954.
No ano de 1976 nascia na Itália o grupo guerrilheiro radical de esquerda Proletários Armados Pelo Comunismo (PAC). Fundado em oposição às Brigadas Vermelhas, conta com inúmeros dissidentes das brigadas. Seus principais líderes e idealizadores são Sebastiano Masala e Arrigo Cavallina.
Em 1978 acontece o sequestro e assassinato do líder democrata-cristão Aldo Moro pelo grupo guerrilheiro Brigadas Vermelhas. Battisti integrava o Proletários Armados Pelo Comunismo (PAC). Após o assassinato de Aldo Moro a opinião pública italiana volta-se em peso contra os grupos armados.
Em 1979 Battisti é preso em Milão, acusado pela morte de um joalheiro. Dois anos depois, em 1981 é condenado na Itália a 12 anos e 10 meses de prisão por "participação em bando armado" e "ocultação de armas". No mesmo ano, ele foge para França, onde permanece por um breve período.Em 1982 foge para o México. Durante sua temporada no país colabora com jornais, funda a revista literária Via Libre e organiza a primeira Bienal de Artes Gráficas no México.
Em 1985 o então presidente francês François Mitterrand se compromete a não extraditar os ex-ativistas de extrema esquerda italiana sob a condição de que abandonem a luta armada e em 1991 a França nega o pedido italiano de extradição de Battisti .
Em 1993 Battisti é condenado à prisão perpétua pela Justiça de Milão por quatro "homicídios hediondos", contra um guarda carcerário, um agente de polícia, um militante neofascista e um joalheiro.
Em 2001 Battisti pede naturalização francesa e um ano depois a Itália pede a extradição de Battisti ao governo francês.
Em 2004 a justiça francesa decide pela extradição de Battisti, o que gera grandes protestos de intelectuais, artistas e políticos franceses de esquerda. A sentença tem apoio do presidente Jacques Chirac. Inicia-se uma longa discussão jurídica sobre a extradição, alimentada por infinitos recursos de advogados, até que Battisti é libertado e mantido sob vigilância. Porém por não se apresentar à polícia, Battisti cai na clandestinidade e foge para o Brasil.
Daí sim o país passa a ser o cenário do caso que tem causado tanta polêmica e ganho tanto espaço na mídia nacional. Advogados entram com recursos, que são rejeitados, e a ordem de extradição para a Itália torna-se definitiva.
Em 2005 o Conselho de Estado da França autoriza a extradição e seus advogados recorrem à Corte Européia de Direitos Humanos.
Em 2006 é feita a anulação do pedido de naturalização francesa, que havia recebido uma decisão favorável.
Em 2007 Battisti é preso no calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Em 2008 o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) rejeita por 3 votos a 2 o pedido de refúgio de Battisti. A defesa do italiano recorre ao ministro da Justiça, Tarso Genro, para tentar obter o status de refugiado, o que poderia garantir-lhe o direito de viver livremente no Brasil.
Agora em 2009 acontecem as cenas dos próximos capítulos do caso Battisti: o ministro Tarso Genro concede refúgio político a Battisti e autoridades italianas reagem com indignação.
O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, envia carta ao presidente Lula dizendo-se 'espantado' com a decisão da justiça brasileira. Lula é alvo de protesto na Itália, porém alega que decisão está amparada pela Constituição Federal Brasileira.
Procurador brasileiro opina e recomenda que pedido de extradição seja arquivado e por fim a Itália chama embaixador de volta à Roma para discutir o caso, o que dá a entender um início de turbulências nas relações diplomáticas tão fraternas entre Brasil e Itália.