domingo, agosto 30, 2009

Santa Cruz de la Sierra, Bolívia



Cheguei ao aeroporto Viru Viru com um leve atraso, voando TAM. Por conta disto o plano inicial de seguir viagem no mesmo dia falhou, e passei a noite em Santa Cruz.

O táxi do aeroporto ao Terminal Bimodal (de onde partem trens e ônibus) custou B$ 50.

Como não valia à pena viajar de noite e perder a paisagem, além de ser mais perigoso, decidi pernoitar perto do Terminal Bimodal mesmo. Há grande oferta de hospedagem na área, mas nem dei-me ao trabalho de pesquisar. Fiquei na primeira que entrei, o Residencial 7 de Mayo (B$ 70 por um pernoite em quarto razoável com banheiro privativo). Apesar da simpatia do staff, a área é esquisita e o "hotel" nao inspira muita confiança, apesar do preço inflacionado a nível de Bolívia.

Santa Cruz de la Sierra é uma cidade sem atrativos turísticos e serve apenas de ponto de apoio aos que chegam ou partem da Bolívia, por via aérea (como fiz desta vez), ou pelo lendário Trem da Morte, que peguei em 2005.

Esta foi minha terceira vez na cidade, que é considerada o grande centro financeiro boliviano. Mas minha opinião não muda: é uma cidade estranha e sem graça!

A única coisa que foi um progresso, se comparada com minha primeira visita, foi a construção do Terminal Bimodal. Antes era um terminal feio e decadente, já o atual é melhor em infra-estrutura e uniu a rodoviária e a ferroviária.

E recordei-me agora que durante minha primeira visita fiz um roteiro maluco e equivocado: peguei um ônibus de Santa Cruz à Asunción del Paraguay, em estrada sem pavimentação, que mais parecia uma rota do tráfico! A viagem parecia-me que nunca teria um fim e não sei ao certo quanto tempo durou, em ônibus convencional, poltronas duras, sem banheiro e com pessoas muito suspeitas como companheiros de viagem. Foi provavelmente a maior roubada em que já me meti na vida e não a recomendo nem aos meus desafetos, até porque creio que pouca coisa tenha mudado neste trecho esquecido do mundo. Já a poeira da bagagem e do corpo levou dias para sumir, assim como as recordações da burrice na escolha deste roteiro! Fica então o alerta.


sexta-feira, agosto 28, 2009

Una vez más por Sudamérica




Analisei a possibilidade de fazer meu terceiro mochilão pela América do Sul e finalmente parti.
Foram 12 horas de vôo, do Recife ao destino final desta parte aérea (e lugar inicial do mochilão propriamente dito), Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), com escalas em São Paulo, Asunción (Paraguay) e Cochabamba (Bolívia).
Nao foi fácil partir do Recife. Relutei muito e repensei milhares de vezes antes de comprar a passagem. Há algo que me fascina e me segura na capital pernambucana.
Mas agora que ganhei a estrada sinto-me vivo e feliz novamente.
E passo a relatar-lhes minhas novas aventuras aqui no blog, assim como deixo-lhes as já tradicionais dicas de viagem, caso alguém resolva aventurar-se por estas bandas do mundo. ¡Hasta pronto, amigos!

sexta-feira, agosto 14, 2009

Pão de Açúcar - Alagoas


Interessei-me em conhecer a cidade de Pão de Açúcar, em pleno sertão alagoano, por 2 curiosidades:

1) por ser a terra natal da ex-senadora e atualmente vereadora de Maceió, Heloísa Helena - uma mulher que admiro por sua história de vida e por sua postura política firme e limpa, o que é tão raro neste país de escândalos;

2) pela curiosidade do nome do município, aumentado pela presença na outra margem do rio São Francisco (no lado sergipano) do município de Niterói.

Como já estava relativamente perto resolvi passar por lá também.
A cidade é pequena, com moradores muito simpáticos e atenciosos.
Senti um calor absurdo em pleno "inverno" local, e fui alertado pelas pessoas que durante o verão a temperatura ultrapassa facilmente os 40 graus centígrados, o que faz de Pão de Açúcar a terceira cidade com temperaturas mais elevadas no país.
O ponto alto da visita é a subida ao morro onde está localizada a estátua do Cristo Redentor, uma versão diminuta da original carioca. A vista lá de cima é bárbara, com o rio São Francisco absoluto até onde as vistas alcançam.
É bom caminhar por debaixo das árvores na avenida principal, que é um misto de alameda e praça. Outra atividade boa é tomar banho de rio para refrescar um pouco o calorão.
Já a "orla" da praia (carinhosamente chamada de Rua da Frente por estar de frente para o rio) de noite torna-se o ponto de encontro de todos e é um excelente lugar para tomar um caldinho com cerveja e azarar. Procurem minha amiga Betânia, que tem o bar mais animado dalí.
Para comer, recomendo o restaurante de Tonho Baixinho: comida farta, barata, gostosa e caseira!A cozinha, comandada pela minha amiga travesti Paloma, é limpa e ela é uma cozinheira de mão cheia.
Aos que ousarem chegar em Pão de Açúcar, a diversão é garantida!

Piranhas - Alagoas


Sabe quando, de forma inesperada, temos uma agradável surpresa e agradecemos aos céus por vivermos aquele momento? Pois bem, foi o que senti ao descobrir a linda cidade de Piranhas, em Alagoas!
De Canindé do São Francisco (SE), onde faz-se o passeio aos cannyons, basta atravessar a ponte que separa os estados de Sergipe e Alagoas para chegar em Piranhas.
A parte interessante da cidade denomina-se Piranhas Velha, área histórica e colonial, com suas casinhas ultra coloridas, escadarias e mirantes. É a fusão perfeita da beleza natural do local com uma arquitetura única.
Obrigatório é visitar o Museu do Cangaço, localizado na antiga estação de trens da cidade, e onde pode-se aprender mais sobre o fim do período cangaceiro. Vale lembrar que Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros do bando sofreram a emboscada final em uma gruta, chamada de Angicos, e localizada no município de Poço Redondo (SE), cujo acesso mais fácil se dá através de Piranhas (AL). Após a morte, os cangaceiros foram degolados e tiveram suas cabeças expostas ao público nas escadarias da atual prefeitura de Piranhas.
Devido ao intenso sobe-e-desce por escadarias e ladeiras, é necessário um bom preparo físico para não se ficar tão exausto quanto eu fiquei.
E o sol, mesmo no "inverno" local, é implacável! Não dá para passear sem uso e retoque de muito protetor solar.

quarta-feira, agosto 12, 2009

Canyons no Rio São Francisco / SE-AL



Este é certamente um dos mais belos passeios naturais do Nordeste brasileiro!
As mesmas agências de turismo citadas no tópico de Aracaju oferecem o pacote de um dia (bate-e-volta) por R$ 90.
Durante o passeio de catamarã ou escuna pelo lago formado no rio São Francisco após a criação da Usina Hidroelétrica de Xingó observam-se lindas paisagens naturais ( ilhas, formações rochosas e os famosos canyons).
O ápice do passeio, que dura cerca de 3 horas, é o banho de rio na Gruta do Talhado.
Os preços dos comes e bebes na escuna são hiper-inflacionados. Portanto leve seu lanchinho e muita água na mochila caso não queira gastar demais. Ou deixe para comer como um glutão no buffet self-service do restaurante Karranca´s (R$ 30 por pessoa), onde o passeio se inicia e termina.
O pacote inclui ainda uma visita ao MAX - Museu Arqueológico do Xingó, mantido pela UFSE, que é até um pouco interessante pois mostra que já havia ocupação humana naquela região há aproximadamente 9.000 anos.
A Usina de Xingó é vista ao longe, mas parece ser mesmo uma grande obra de engenharia.
Este passeio não é interessante para ser feito de forma independente, pois gasta-se mais e os acessos são difíceis. Portanto, embora cansativo, recomendo fazê-lo com alguma agência de turísmo de Aracaju ou de Maceió.

São Cristóvão - Sergipe




Foi a primeira capital sergipana e é a quarta cidade mais antiga do Brasil (foi fundada em 1590).
Dista cerca de 30 km de Aracaju e é de fácil acesso, com várias saídas diárias a partir do Terminal Rodoviário Central.
O centro histórico da cidade é uma preciosidade de beleza absurda, com seu casario e igrejas imponentes que retratam a opulência dos tempos coloniais . Além de sua importância enquanto patrimônio histórico regional e nacional, enche os olhos de todos os turistas com muita beleza.
Vale à pena perder-se em suas ruelas seculares e observar atentamente e sem pressa todos os seus detalhes arquitetônicos.
O Museu de Arte Sacra é um primor! Paga-se apenas R$ 5 por visita guiada, com ótimas explicações e para se observar um dos mais importantes acervos do Brasil, rico em peças dos séculos XVII, XVIII e XVX.
Para um tour guiado pela cidade e regado a muita simpatia e boa conversa, procure o guia apelidado de "Galego", um rapaz que conhece toda a história local e sabe os exatos locais de onde consegue-se tirar as fotos mais lindas de cada lugar visitado. Ele deixa o cachê ao critério do visitante, não trabalha com preço fixo. Mas merece, no mínimo, R$ 20 por tantas explicações e cordialidade.
Outra dica imperdível é, caso sinta-se fome durante a visita, não deixar de fazer uma refeição no restaurante O Sobrado. A comida é uma perdição: farta e saborosa! Comi (e recomendo) um filé à parmegiana imenso e suculento, que é uma das especialidades da casa. Os preços variam de acordo com o prato escolhido, mas oscilam entre R$ 20 e R$ 30. E a vista que se tem da varanda superior, assim como a decoração do ambiente, já valem o preço da refeição.

Laranjeiras / Sergipe


Dista cerca de 20 km da capital e é considerada "o berço da cultura negra de Sergipe".
Laranjeiras é um pequeno município com grandes tradições culturais e folclóricas. Têm belas construções coloniais e algumas igrejas interessantes, dentre elas a Matriz (Sagrado Coração de Jesus), a Senhor do Bonfim e a que tornou-se cartão postal da cidade, talvez por sua localização - já que está em uma parte elevada de onde se tem uma maravilhosa vista da cidade - a Bom Jesus dos Navegantes.
Vale visitar o Museu de Arte Sacra local, que é pequeno mas reune belas peças.
E para entender o que foi o período da escravidão e saber um pouco mais sobre a cultura negra é obrigatório fazer uma visita ao Museu Afro-Brasileiro de Sergipe, em cujo acervo há instrumentos de tortura, mobília da casa grande e objetos da produção de cana-de-açúcar. A sala dedicada aos cultos afro-brasileiros (umbanda, candomblé e nagô) é belíssima, com representação dos orixás e entidades mais cultuadas no Brasil.
Ambos museus cobram uma taxa simbólica (R$ 2 de entrada) e oferecem visitas guiadas com boas explicações, mas infelizmente não pode-se tirar fotos lá dentro. Guarda-se o que foi visto somente na memória.
É fácil achar os museus pois ambos estão no centro, a cidade é minúscula e todos os moradores sabem dar as informações de localização.
As igrejas geralmente só abrem aos fins de semana ou em períodos festivos.
Para visitá-las pode-se caminhar ou tomar um moto-táxi caso não se queira subir colinas à pé. Foi o que fiz, e recomento o simpático moto-boy Thiago, que fica parado na minúscula rodoviária de Laranjeiras.
Pode-se fazer o roteiro das cidades históricas (Laranjeiras e São Cristóvão) com as já mencionadas agências de turismo de Aracaju ou de forma independente.
Aos que - como eu - optam pela segunda alternativa, toma-se os micro-ônibus no Terminal Rodoviário Central Luiz Garcia (intermunicipal) e as passagens custam R$ 2 para ambas cidades, com vários horários diários de partida e retorno.