sexta-feira, agosto 27, 2010

Guiana




Em continuidade aos relatos de minha viagem pelas "Guianas", inauguro agora o topico dedicado a Guiana (no original em ingles Guyana).
Esta ex-colonia britanica encravada no norte da America do Sul eh provavelmente o pais mais singular de todos. Eh impossivel passar pela Guiana e nao guardar uma forte impressao, boa ou ruim, interessante ou esquisita, sobre o pais.
Esta tambem foi minha segunda passagem por estas bandas. A primeira foi ha muito tempo atras, ha mais de uma decada, e foi realmente muito breve pois ganhei apenas 3 dias de permanencia e nao tive oportunidade de ver muita coisa. Desta segunda vez foram mais generosos e me deram uma semana de permanencia, tempo suficiente para explorar a capital Georgetown e seguir viagem.
Entrei na Guiana desta vez atraves da fronteira fluvial com o Suriname. Cruzei de N. Nickerie (Suriname) para Corriverton (Guyana) no concorrido ferry-boat que so parte uma vez ao dia. Portanto aos que forem fazer este percurso aconselho prestarem atencao ao horario para nao correrem o risco de ficar sem atravessar. Para chegar ao porto de N. Nickerie tambem eh necessario combinar previamente com algum motorista e eles apanham os passageiros que farao a travessia nos hoteis logo cedo. Detalhe que aconteceu comigo: as vezes eles simplesmente esquecem do compromisso combinado e nao dao as caras, o que impossibilita a viagem no dia planejado. E alguns disponibilizam seus carros particulares ou taxis para deixarem o passageiro no porto em tempo, mas querem cobrar uma pequena fortuna pelo servico. Prefira usar as vans ou taxis coletivos que cobram precos justos.
A aglomeracao de gente e carros na hora do embarque e desembarque do ferry-boat em ambos lados da fronteira chega a cansar. Compra-se a passagem na hora, mostra-se e carimba-se saida do Suriname no posto de imigracao presente ali no porto mesmo. Ha um duty free shop aos interessados em comprinhas de ultima hora. Prepare-se para muita desorganizacao, que torna-se pior no lado guianense da fronteira.
A travessia no ferry-boat eh tranquila e segura, leva em torno de 20 minutos e tem-se bela vista
do rio no deck superior.
Ao desembarcar na Guiana eh necessario ja estar com o formulario de imigracao que recebe-se no ferry-boat devidamente preenchido. Supostamente no controle de imigracao ha uma fila para cidadaos do CARICOM (Comunidade dos Paises Caribenhos, que inclui Guiana e Suriname) e outra fila para estrangeiros de outros paises e diplomatas, mas a questao eh que ninguem respeita estas separacoes e ha muitas pessoas que, bancando as espertinhas, furam a fila. Mais um momento chato, talvez onde necessita-se ter bastante paciencia. Prepare-se para ser um dos ultimos a conseguir sair do controle de imigracao, pois eles acham-se no direito de passar na frente de pessoas que portem passaportes de outros paises. Os guardas da imigracao guianense fazem algumas perguntas, checam passaporte e carimbam a entrada no pais.
Vale lembrar mais uma vez que brasileiros nao necessitam de visto antecipado para nenhum destes 2 paises (Guiana e Suriname). Tal visto eh estampado na hora do desembarque (entrada no pais) em ambos territorios. Ja para nos que viajamos com passaportes da Uniao Europeia sempre ha um maior rigor com relacao a tempo de permanencia, hospedagem e demais detalhes de viagem. Talvez haja este maior "rigor" com passaportes europeus como vinganca contra os sufocos que, imagino, eles devam passar quando desembarcam nos aeroportos europeus.
Na saida do posto de imigracao ha varios cambistas para troca de moeda, com cotacao ruim. Troque apenas o necessario para chegar em Georgetown, pois na capital ha melhores ofertas.
Ha tambem varios motoristas das vans e seus ajudantes que abordam os recem chegados para embarcarem em suas vans. Nao se assuste, pergunte precos para escolher as melhores tarifas e principalmente informe-se se a van vai partir em seguida, para nao mofar a espera da partida.
A viagem de Corriverton a Georgetown eh tranquila, em estrada relativamente boa. Ainda em Corriverton eh comum os motoristas pararem em algum restaurante para que os passageiros comprem comida e algo para beber durante a viagem. Aproveite senao so mesmo em Georgetown.
Ao chegar na periferia de Georgetown, cidade de porte medio, com cerca de 200 mil habitantes, a sensacao de estranhamento aumenta: ao inves de encontrarmos uma cidade britanica mais parece que estamos em algum pais africano ou no interior da India. Basicamente os dois maiores grupos etnicos do pais sao negros e hindus. Os colonizadores europeus desapareceram e sao poucos os turistas brancos que se aventuram por estas bandas.
Georgetown tem ma fama! Eh de fato uma cidade suja e perigosa pela alta criminalidade, e as recomendacoes aos turistas eh de cautela maxima. Evite saidas noturnas. E mesmo durante o dia prefira estar em lugares movimentados, onde a probabilidade de algo ruim acontecer eh um pouco menor. Evite portar joias, grandes quantias de dinheiro, cameras fotograficas, filmadoras ou qualquer outro aparelho eletronico. Se for utiliza-los, faca-o rapidamente e com atencao redobrada. Georgetown nao eh uma cidade para viajantes principiantes.
A causa da violencia eh a extrema pobreza da populacao. Eh comum ver pessoas que dormem nas ruas ou que perambulam esfarrapadas ou semi-nuas por toda a cidade. Brigas de rua sao parte do cotidiano. Se em qualquer momento perceber que o clima vai esquentar proximo de onde voce esta, tente achar um lugar seguro.
Ha tambem, entre os guianenses, grandes problemas raciais. E este pode vir a ser um problema que afete tambem aos turistas que visitam o pais. Sempre eh bom andar com o numero de contato do consulado ou embaixada do seu pais em maos, caso necessite qualquer auxilio imediato.
Nao hesite em usar taxis para chegar em lugares distantes ou desconhecidos, pois eh melhor gastar um pouco e chegar seguro. E sempre verifique com os recepcionistas do hotel se a area que voce pretende visitar eh tranquila, para nao ter surpresas desagradaveis. Se o hotel tiver um cofre e inspirar seguranca, deixe o passaporte no cofre e leve apenas uma copia, pois relatos de roubos de passaportes para revenda no mercado negro sao comuns.
Outro detalhe que nao posso deixar de mencionar eh a lingua. Oficialmente, por ter sido colonia britanica, o idioma falado na Guyana eh o ingles. Mas nao espere o ingles britanico, puro e perfeitinho! Mesmo os que dominam o idioma de Shakespeare sofrem para entender o sotaque, expressoes e palavras usadas na Guyana.
Ha na Guyana uma grande colonia brasileira. Quase todos trabalham nos garimpos. Em Georgetown ha uns hoteis frequentados por esse publico (garimpeiros e as mocas de "vida facil" que buscam o Eldorado). Passei uma noite em um destes hoteis, o "melhor" deles, chamado Rockies, e nao recomendo nem ao meu pior inimigo: apesar de ser o melhor dentre os hoteis brasileiros e eu ter ficado em um dos quartos mais "confortaveis", passei a noite matando baratas, fugindo de um ratinho que volta e meia aparecia para me saudar e me cocando por causa dos mosquitos. Isso para nao mencionar que embaixo, na recepcao do hotel, fica um bar (ou seria cabare?) que toca musica da pior qualidade em volume ensurdecedor a noite, para embalar a funcao das "meninas". Simplesmente evite, pois se o "melhorzinho" eh assim, imagine os outros!
Infinitamente melhor e pelo mesmo preco (US$ 25/diaria) ha o Demico Hotel, perto do Stabroek Market: quartos confortaveis com ar-condicionado e banheiros decentes, atendimento cordial e demais comodidades. Apesar do barulho e da confusao generalizada que ha ao redor do mercado, por ser ponto de embarque e desembarque de passageiros das vans que fazem o transporte na cidade, eh uma boa opcao de estadia. No andar inferior ha uma lanchonete (meio Mc Donald's local) e um restaurante tambem do hotel, mas abertos ao publico em geral, com boas ofertas de sanduiches, sorvetes e pratos da culinaria creole e indiana por precos convidativos. E o hotel tem tambem um bar para quem quiser saborear a cerveja local, chamada Banks, o delicioso licor D'Aguiar's ou outros drinks.

As atracoes da cidade, sempre recomendando a cautela ao visita-las, seriam as seguintes:

- Stabroek Market: um dos cartoes postais da cidade. A estrutura externa, com o relogio no alto da torre, impressiona. Mas por dentro nao ha nada de especial e pode decepcionar alguns visitantes.
- City Hall: predio de madeira em estilo gotico que abriga a prefeitura de Georgetown e que parece um castelinho.
- Supreme Court: ao lado do City Hall, outro belo predio de madeira que chama a atencao. Repare na estatua da Rainha Victoria da Inglaterra em frente ao predio, que foi inaugurado no Jubileu da Rainha.
- St. George's Cathedral: imponente catedral de madeira, com 43 metros de altura, e que eh uma das maiores igrejas de madeira do mundo.
- Public Buildings (Parliament): predio do Parlamento que so pode ser visto por fora.
- Seawall: por estar localizada abaixo do nivel do mar, foi construido em Georgetown uma especie de "muro" para proteger a cidade das aguas do Oceano Atlantico. Tal muro, o Seawall, tem o formato de calcadao e eh um lugar onde pode-se fazer caminhadas.

Ha outros predios publicos bonitos, assim como o casario de madeira que, apesar de mal conservado, chama a atencao de qualquer viajante.

Aos que partem da Guyana em voos internacionais deve-se pagar uma taxa aeroportuaria de cerca de US$ 20, que nao esta incluso no valor da passagem ou das taxas normais que as empresas aereas cobram.

E aos quem se atreverem a conhecer a Guyana, desejo-lhes boa sorte em sua estadia!

quarta-feira, agosto 04, 2010

Suriname



Em continuidade ao topico escrito sobre a Guiana Francesa, agora relato um pouco minha viagem pelo Suriname.

Pela segunda vez estive no Suriname. A primeira vez foi ha muitos anos atras, mais de uma decada. Eu era muito jovem, nao tinha experiencia em viagens, nao sabia aproveitar bem, explorar os lugares, e o proposito da primeira viagem foi muito mais uma visita a um amigo da familia que morava em Paramaribo do que conhecer o pais e os lugares de interesse turisticos.

Entao posso dizer que esta sim foi minha primeira viagem ao Suriname, de acordo com a filosofia mochileira!

Entrei pela cidade de Albina, fronteira com St. Saurent du Maroni, Guiana Francesa. Brasileiros nao precisam de visto antecipado para entrar no Suriname com permanencia maxima de 90 dias para turismo. Mas todos devem preencher um formulario e entrega-lo na imigracao para terem o carimbo de entrada estampado no passaporte. Para quem viaja com passaporte europeu eh necessario ter tirado o visto previamente. O posto de imigracao em Albina eh desorganizado. Espere por filas de pessoas com passaportes europeus (principalmente franceses que moram na Guiana Francesa) e pouca educacao dos oficiais de imigracao do Suriname.

A unica coisa ralmente boa e poder comunicar-se em ingles. Apesar do idioma oficial do pais ser o holandes, praticamente todos no Suriname falam ingles, o que facilita a comunicacao (para quem, obviamente, fala ingles!).

De Albina tomei um carro particular para a capital Paramaribo, preco da passagem 15 euros. Converse com o motorista e peca para ele te deixar em algum hotel. Eles geralmente tem alguma dica caso voce nao tenha ideia de onde ficar.

Paramaribo eh uma cidade de medio porte, muito peculiar e bonita, um caldeirao de etnias que convive em relativa harmonia. Dentre as comunidades estrangeiras mais expressivas destacam-se negros, hindus, javaneses, brasileiros, holandeses e chineses.
A maioria dos brasileiros que vivem no Suriname trabalham com garimpo e vivem ilegais no pais. A maioria das brasileiras sao prostitutas, o que nao favorece nem um pouco a imagem do Brasil por estas bandas.

Creio que esta seja a unica cidade do mundo onde se possa ver uma sinagoga (judaica) ao lado de uma mesquita (muculmana), o que reforca a imagem de tolerancia e respeito entre as varias nuances etnicas que compoe a populacao local. Eh um dos cartoes postais da cidade, assim como o bem preservado casario colonial central, que eh Patrimonio Mundial da UNESCO.

Outras atracoes da capital sao as que cito e detalho abaixo:

- Fort Zeelandia (um forte em frente ao Rio Suriname onde tambem estao as mais antigas construcoes coloniais da cidade, com belissimo casario em madeira, um museu, e de onde se tem bela vista do rio e da ponte)

- Onafhankelijkheidsplein (praca onde estao o Palacio Presidencial e varios outros predios governamentais)

- Catedral catolica (construcao gotica em madeira, de 1885, atualmente em reformas)

- Domineestraat (rua de comercio no centro da cidade e que serve como um bom ponto de orientacao e referencia, com bons restaurantes e lanchonetes em seu percurso e em suas ruas perpendiculares)

- Palmentuin (parque de palmeiras proximo ao Hotel Torarica, ideal para sentar e descansar as pernas das caminhadas pela cidade)

- Cemiterio Judaico da Lewensteinstraat (apesar do abandono, vale como visita para observar as lapides com nomes tipicamente judaicos e sobrenomes de cristaos-novos)

- Vishnu Mandir e Templo Hindu Principal (ambos estao proximos e mostram o tamanho e a forca religiosa da comunidade hindu surinamesa)

- Waterkant e seus quiosques em frente ao Rio Suriname, lugar ideal para sentar e provar a deliciosa Parbo Bier no fim de tarde e interagir com os simpaticos moradores locais, que adoram bater papo com estrangeiros.


Os precos no Suriname nao sao assustadores como os da Guiana Francesa e a moeda local eh o dolar surinames (SRD$). Come-se bem por cerca de 4 euros nos restaurantes centrais. Como dica ha restaurantes de roti (comida indiana) e o Restaurante Madonna (em uma rua atras da sinagoga e da mesquita, que serve comida chinesa e brasileira, para os que estao com saudade do arroz com feijao).

Com relacao aos hoteis, a regra eh mais ou menos esta: hoteis bons sao caros (diarias cotadas em dolares americanos, que variam de US$ 100 a 200 de acordo com o quarto e mordomias) e os mais baratos sao totalmente basicos, ou seja, nao servem para pessoas cheias de frescuras (diarias a partir de 10 euros). Ha hoteis que hospedam basicamente brasileiros que trabalham nos garimpos e suas acompanhantes, como o Mimivost e o Esmeralda. Estes hoteis servem comida brasileira a precos relativamente baratos.

A cidade nao chega a ser violenta, mas em determinados horarios e lugares e bom ficar esperto.

Algumas areas, como Waterkant e o Mercado Central devem ser visitados apenas durante o dia.

Com relacao a visitacao a Sinagoga e a Mesquita, deve-se buscar alguem em ambos predios e pedir para conhecer o interior, o que nem sempre e possivel por causa dos servicos religiosos. Cobram cada uma taxa de SRD$ 5 (pouco mais de 1 euro) de entrada. O chao da Sinagoga e de areia, sinal de que foi feita e eh mantida por judeus ortodoxos.

Aqui ha forte presenca de turistas e moradores europeus, principalmente os colonizadores holandeses, que gostam de aproveitar o exotismo do Suriname. Um pais bonito e interessante, facil de ser visitado, com precos acessiveis. Arrume a mochila e explore o Suriname. Este eh meu conselho!

domingo, agosto 01, 2010

Guiana Francesa



Quando se atravessa o rio Oiapoque, para quem vem do Amapa obviamente, a primeira cidade, porta de entrada na Guiana Francesa eh St. Georges de L' Oyapock. A diferenca entre a cidade de Oiapoque (no Brasil) e St. Georges eh gritante. Aqui curiosamente estamos em territorio frances, um pedaco da Uniao Europeia na America do Sul.
O que pode explicar o interesse da Franca neste pedaco de terra na America do Sul? Alem da biodiversidade da selva e dos minerais abundantes na regiao, antigamente as Iles du Salut serviam como presidio para os piores infratores da lei na metropole. As ilhas presidios foram desativadas e agora outro ponto de grande interesse nao so da Franca mas de toda a Uniao Europeia na Guyane eh o Centre Spatial Guyanais, base espacial europeia de onde se lancam foguetes e satelites dos paises europeus. Para visitar a base espacial europeia ou as Iles du Salut deve-se ir ate a moderna cidade de Kourou, onde ambas atracoes ficam.
A pequena "ville' de St. Georges nao tem grandes atrativos alem da arquitetura diferenciada e das onipresentes bandeiras francesas e da Uniao Europeia por todos os lados. Muda a lingua: troca-se o portugues pelo frances. Muda a moeda: reais ficam para tras e entram os euros.
Aqui ha um controle de passaportes, ainda no perimetro urbano, aos que viajam para Cayenne.
Como ja se sabe, brasileiros necessitam visto para entrar na Guiana Francesa e ele nao eh facilmente obtido pois os requisitos sao muitos. Cidadaos de qualquer pais membro da Uniao Europeia, como eu, nao precisam de visto, apenas passaporte valido, e podem permanecer e trabalhar na Guiana Francesa sem nenhum tipo de burocracia. Estamos, afinal, na Uniao Europeia.
O transporte ate a capital, Cayenne, eh feito em vans, aqui chamadas de "navette", e o preco varia de 30 a 40 euros. O percurso eh por estrada de otima qualidade, 100% pavimentada. Ha um segundo controle de documentos na estrada, e justamente por isso nao aconselha-se aos brasileiros mais aventureiros a entrar no territorio da Guyane sem o visto necessario, pois inevitavelmente serao pegos e terao que voltar ao Brasil, nao sem antes passar por humilhacao.
Cayenne, a capital da Guiana Francesa eh uma simpatica cidade com cerca de 70.000 habitantes. Facil de ser percorrida. Limpa, organizada, bonita. E cara. Provavelmente mais cara do que muitas cidades europeias. O problema eh a falta de opcoes alternativas e baratas de hospedagem e alimentacao. Como dica de hospedagem cito o Hotel Ket Tai (72, Boulevard Jubelin), diaria a partir de 43 euros sem cafe da manha, com quartos bastante confortaveis, seguros e limpos.
Eh a melhor e mais economica opcao em Cayenne. Para alimentacao prefira os restaurantes chineses localizados nas imediacoes da Avenue du General DE GAULLE, que oferecem alguns pratos bem servidos por cerca de 10 euros. Outros lugares, para hospedagem e alimentacao, sao bem mais caros!
Talvez a maior barreira ou dificuldade que um turista encontre na Guyane seja a lingua mesmo, caso nao falem frances. Poucos habitantes falam ingles. Os franceses teimam em ser monoglotas, acham que todos os demais seres humanos tem a obrigacao de saber falar frances.
A maioria dos cardapios e qualquer tipo de informacao turistica sempre vem escrito somente em frances. E as vezes o simples ato de pedir comida ou informacao pode virar um dilema. Mimicas ajudam nestes momentos. Ou tente achar algum imigrante ou turista que fale espanhol ou ingles e que flua no frances para ajuda-lo...
Cayenne pode ser uma boa porta de entrada para as ilhas francofonas do Caribe, principalmente Guadaloupe e Martinique. A empresa aerea Air Caraibes oferece tarifas atrativas (a partir de 300 euros). Ja para Paris os precos variam de 500 a 900 euros, de acordo com as datas, percurso ou outros detalhes.
Uma triste curiosidade na Guyane eh que existe uma clara separacao racial e etnica. Os grupos nao se misturam muito. E as vezes isso gera violencia de uns contra outros.
E algumas areas, como as proximidades do Mercado Central de Cayenne ou as periferias da cidade, merecem ser percorridas com cautela, de preferencia nunca a noite e sempre em grupo de pessoas.
De Cayenne, para quem segue ao Suriname, ha "navette" que parte da area proxima ao Mercado Central de Cayenne ate a cidade divisa chamada St. Laurent du Maroni. Custo do percurso: 35 euros. Aconselho aos viajantes partirem cedo dos hoteis pois as vezes perde-se muito tempo ate chegar na fronteira. A estrada e boa e a causa do provavel atraso e que uma "navette" so sai de Cayenne quando esteja devidamente lotada.
No caminho para St. Laurent du Maroni ha outro controle de passaportes na estrada. E antes de cruzar o rio Maroni que separa Guyane do Suriname eh necessario passar pela imigracao francesa para pegar o visto de saida.
Brasileiros nao precisam de visto para entrar no Suriname. Ja nos que usamos passaportes da Uniao Europeia precisamos pegar visto antecipadamente no consulado do Suriname de Cayenne. O valor do visto eh de 40 euros e geralmente em 24 horas pode-se retornar ao consulado para buscar o passaporte ja com o visto emitido.
A travessia do rio Maroni e feita em canoas um tanto feiosas e o rio parece ser perigoso e fundo. Chega a fazer um pouco de medo a aventura. O preco da travessia e de 5 euros por pessoa. Nao atravesse sem passar na imigracao francesa e pegar o carimbo de saida no passaporte senao a imigracao surinamesa nao aceita a entrada e faz a pessoa voltar para St. Laurent.
Nao se assuste tambem com a disputa dos barqueiros na beira do rio em busca de passageiros para fazer a travessia. Quando a "navette" chega na beira do rio eles puxam as pessoas pelo braco, ja saem carregando a bagagem das pessoas para os barcos sem pedir permissao. Mas em geral sao inofensivos e so estao em busca de mais uns euros.
Au revoir, Guyane!

Amapa




Resolvi visitar a Guiana Francesa e escolhi entrar pelo Amapa, regiao Norte do Brasil.
A capital do Amapa, Macapa, e uma cidade banhada pelo rio Amazonas e sem grandes atrativos turisticos. Em um dia da para visitar os pontos de interesse, que sao poucos, e acabaram-se os motivos para permanecer por la, a nao ser que o proposito da viagem seja outro.

Prepare-se para um calor escaldante 24 horas por dia e para ataques incessantes de mosquitos famintos.

Uma forma pratica, barata e eficiente de percorrer a cidade e usar o servico de moto-taxistas.

As atracoes na cidade de Macapa basicamente sao as que listo abaixo:

- Fortaleza de S. Jose (entrada livre e visita com guias que explicam a historia da construcao)

- Trapiche Eliezer Levy e bares nas redondezas (observem a imagem de S. Jose, padroeiro de Macapa, em cima de uma pedra do lado direito do Trapiche, dentro do rio)

- Marco Zero do Equador (lugar onde supostamente o mundo se divide em Hemisferios Sul e Norte e onde os turistas tiram fotos com um pe em cada lado do mundo!)

Nao recomendo os hoteis baratos proximos ao terminal rodoviario. Sao de pessima qualidade e de confiabilidade duvidosa. Quem quiser passar alguns dias na cidade deve pagar mais e buscar lugares com mais qualidade, limpeza e seguranca.

As pessoas em geral sao bastante simpaticas, atenciosas e prestativas para dar informacoes e dicas. Aproveite!

A viagem de onibus de Macapa para Oiapoque, divisa entre Brasil e Guiana Francesa, com aproximadamente 600 kilometros de distancia, por uma estrada pavimentada em apenas poucos trechos, pode levar ate 24 horas. Nos tempos de chuvas prepare-se para muita lama, atoleiros e um verdadeiro rally pela estrada. Detalhe: os onibus nao tem banheiros, a mata serve como privada nas paradas que o onibus obrigatoriamente faz para desatolar. Prepare-se para sujar sapatos e roupas de barro nas descidas do onibus. Pela estrada, alem da lama da para observar a selva e sua biodiversidade, animais (principalmente passaros), rios e igarapes e algumas comunidades indigenas.

A cidade de Oiapoque, que ja foi considerada durante muito tempo como ponto extremo norte do Brasil, e feia, suja e sem atrativos. Vive do comercio, fortalecido por causa do euro da vizinha Guiana Francesa, e aqui nota-se claramente que os precos de tudo sao bastante elevados com relacao a capital Macapa. Dizem, inclusive os proprios moradores locais, que a cidade e bastante violenta. Percebe-se nitidamente prostituicao pelos bares da cidade. E como uma area de garimpo, um clima meio de terra sem lei. Portanto recomendo aos aventureiros que se arriscarem por essas bandas nao perderem muito tempo em Oiapoque e terem cautela o tempo todo.

A travessia do rio Oiapoque, que divide o Brasil da Guiana Francesa e feita em "voadeiras", pequenos barcos velozes, e a passagem custa 5 euros. Vale lembrar que ironicamente brasileiros nao necessitam visto para visitar a Franca mas precisam de visto para ingressar na Guiana Francesa, e para obte-lo a burocracia e exigencias sao grandes. Ilegalmente e facil, mas o risco e a probabilidade de ser descoberto e grande e nao vale a pena.

E basicamente esgota-se o assunto por aqui!