domingo, agosto 01, 2010

Guiana Francesa



Quando se atravessa o rio Oiapoque, para quem vem do Amapa obviamente, a primeira cidade, porta de entrada na Guiana Francesa eh St. Georges de L' Oyapock. A diferenca entre a cidade de Oiapoque (no Brasil) e St. Georges eh gritante. Aqui curiosamente estamos em territorio frances, um pedaco da Uniao Europeia na America do Sul.
O que pode explicar o interesse da Franca neste pedaco de terra na America do Sul? Alem da biodiversidade da selva e dos minerais abundantes na regiao, antigamente as Iles du Salut serviam como presidio para os piores infratores da lei na metropole. As ilhas presidios foram desativadas e agora outro ponto de grande interesse nao so da Franca mas de toda a Uniao Europeia na Guyane eh o Centre Spatial Guyanais, base espacial europeia de onde se lancam foguetes e satelites dos paises europeus. Para visitar a base espacial europeia ou as Iles du Salut deve-se ir ate a moderna cidade de Kourou, onde ambas atracoes ficam.
A pequena "ville' de St. Georges nao tem grandes atrativos alem da arquitetura diferenciada e das onipresentes bandeiras francesas e da Uniao Europeia por todos os lados. Muda a lingua: troca-se o portugues pelo frances. Muda a moeda: reais ficam para tras e entram os euros.
Aqui ha um controle de passaportes, ainda no perimetro urbano, aos que viajam para Cayenne.
Como ja se sabe, brasileiros necessitam visto para entrar na Guiana Francesa e ele nao eh facilmente obtido pois os requisitos sao muitos. Cidadaos de qualquer pais membro da Uniao Europeia, como eu, nao precisam de visto, apenas passaporte valido, e podem permanecer e trabalhar na Guiana Francesa sem nenhum tipo de burocracia. Estamos, afinal, na Uniao Europeia.
O transporte ate a capital, Cayenne, eh feito em vans, aqui chamadas de "navette", e o preco varia de 30 a 40 euros. O percurso eh por estrada de otima qualidade, 100% pavimentada. Ha um segundo controle de documentos na estrada, e justamente por isso nao aconselha-se aos brasileiros mais aventureiros a entrar no territorio da Guyane sem o visto necessario, pois inevitavelmente serao pegos e terao que voltar ao Brasil, nao sem antes passar por humilhacao.
Cayenne, a capital da Guiana Francesa eh uma simpatica cidade com cerca de 70.000 habitantes. Facil de ser percorrida. Limpa, organizada, bonita. E cara. Provavelmente mais cara do que muitas cidades europeias. O problema eh a falta de opcoes alternativas e baratas de hospedagem e alimentacao. Como dica de hospedagem cito o Hotel Ket Tai (72, Boulevard Jubelin), diaria a partir de 43 euros sem cafe da manha, com quartos bastante confortaveis, seguros e limpos.
Eh a melhor e mais economica opcao em Cayenne. Para alimentacao prefira os restaurantes chineses localizados nas imediacoes da Avenue du General DE GAULLE, que oferecem alguns pratos bem servidos por cerca de 10 euros. Outros lugares, para hospedagem e alimentacao, sao bem mais caros!
Talvez a maior barreira ou dificuldade que um turista encontre na Guyane seja a lingua mesmo, caso nao falem frances. Poucos habitantes falam ingles. Os franceses teimam em ser monoglotas, acham que todos os demais seres humanos tem a obrigacao de saber falar frances.
A maioria dos cardapios e qualquer tipo de informacao turistica sempre vem escrito somente em frances. E as vezes o simples ato de pedir comida ou informacao pode virar um dilema. Mimicas ajudam nestes momentos. Ou tente achar algum imigrante ou turista que fale espanhol ou ingles e que flua no frances para ajuda-lo...
Cayenne pode ser uma boa porta de entrada para as ilhas francofonas do Caribe, principalmente Guadaloupe e Martinique. A empresa aerea Air Caraibes oferece tarifas atrativas (a partir de 300 euros). Ja para Paris os precos variam de 500 a 900 euros, de acordo com as datas, percurso ou outros detalhes.
Uma triste curiosidade na Guyane eh que existe uma clara separacao racial e etnica. Os grupos nao se misturam muito. E as vezes isso gera violencia de uns contra outros.
E algumas areas, como as proximidades do Mercado Central de Cayenne ou as periferias da cidade, merecem ser percorridas com cautela, de preferencia nunca a noite e sempre em grupo de pessoas.
De Cayenne, para quem segue ao Suriname, ha "navette" que parte da area proxima ao Mercado Central de Cayenne ate a cidade divisa chamada St. Laurent du Maroni. Custo do percurso: 35 euros. Aconselho aos viajantes partirem cedo dos hoteis pois as vezes perde-se muito tempo ate chegar na fronteira. A estrada e boa e a causa do provavel atraso e que uma "navette" so sai de Cayenne quando esteja devidamente lotada.
No caminho para St. Laurent du Maroni ha outro controle de passaportes na estrada. E antes de cruzar o rio Maroni que separa Guyane do Suriname eh necessario passar pela imigracao francesa para pegar o visto de saida.
Brasileiros nao precisam de visto para entrar no Suriname. Ja nos que usamos passaportes da Uniao Europeia precisamos pegar visto antecipadamente no consulado do Suriname de Cayenne. O valor do visto eh de 40 euros e geralmente em 24 horas pode-se retornar ao consulado para buscar o passaporte ja com o visto emitido.
A travessia do rio Maroni e feita em canoas um tanto feiosas e o rio parece ser perigoso e fundo. Chega a fazer um pouco de medo a aventura. O preco da travessia e de 5 euros por pessoa. Nao atravesse sem passar na imigracao francesa e pegar o carimbo de saida no passaporte senao a imigracao surinamesa nao aceita a entrada e faz a pessoa voltar para St. Laurent.
Nao se assuste tambem com a disputa dos barqueiros na beira do rio em busca de passageiros para fazer a travessia. Quando a "navette" chega na beira do rio eles puxam as pessoas pelo braco, ja saem carregando a bagagem das pessoas para os barcos sem pedir permissao. Mas em geral sao inofensivos e so estao em busca de mais uns euros.
Au revoir, Guyane!

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