Retiro

Estou em verdadeiro retiro, não propriamente espiritual, mas sim no sentido de isolamento do que convenciona-se chamar de "mundo moderno".

Atualmente encontro-me em um simples vilarejo, daqueles onde há uma igreja Católica que é o ponto central da cidade, com uma pequena praça em frente, onde todos os moradores encontram-se para conversas despretensiosas ao entardecer.

Logo em frente surge a rua principal, do comércio e serviços em geral. E ao redor desta estão aos poucas casas do município desimportante economicamente.

A falta generalizada de empregos (não há indústrias e o único meio de trabalho é o funcionarismo público ou senão a busca de vagas em outras cidades relativamente maiores, vizinhas da mesma) justifica a lentidão no passar das horas e o ócio evidente de sua população.

Sua ausência em certos mapas é compensada pela total falta de violência urbana.

Os moradores se conhecem, chamam-se pelos nomes e cumprimentam-se a cada novo encontro.

Causa-lhes certo estranhamento quando surge por aqui um forasteiro como eu. Por este único motivo, virei celebridade instantânea ou, se preferirem, atração turística do lugarejo, o que não deixa de ser engraçado para mim. Trato, portanto, de aproveitar-me dos meus 5 minutos de fama.

A natureza nos arredores é generosa e brinda-nos com belos espetáculos diariamente.

Quando a noite cai, a temperatura torna-se tão amena que lembra-me outras paragens ao Sul, por onde também já perambulei.

Quanto a mim, trato de ler excessivamente, estudar compulsivamente, ouvir muitas conversas dos moradores locais, dormir bastante, falar moderadamente e entediar-me raramente.

Além da retomada do bom hábito da leitura, voltei a fazer caminhadas regulares, que verdadeiramente faz-me tão bem. E assim tem sido minha rotina diária...

Será que achei o paraíso?

PS: Ah, ficaram curiosos para saber o nome do vilarejo, não é mesmo? Pois mantenho-o como meu segredo privado por enquanto! E podem acusar-me de egoísta que nem ligo!