domingo, abril 26, 2009

Quem tem medo de Caio F.?




Se estivesse vivo agora em 2009, Caio Fernando Abreu, nascido em Santiago do Boqueirão, cidade do interior gaúcho, completaria, no próximo dia 12 de setembro, 61 anos.
Caio F., forma que usava para se auto-intitular, em clara referência ao romance Cristiane F., morreu no dia 25 de fevereiro de 1996, vítima de complicações decorrentes do vírus HIV.
Em vida foi brilhante escritor e jornalista, ganhador de vários prêmios literários no Brasil e no exterior.
Escreveu poemas, peças teatrais, romances, novelas, crônicas e contos.
Brindou-nos com fabuloso legado literário, ainda não muito reconhecido e prestigiado como realmente merecia sê-lo.
Caio foi um gênio mal compreendido tanto pelo público quanto pela crítica.
Foi censurado por várias vezes e após ser perseguido pela ditadura militar, exilou-se na Europa.
Era extremamente inteligente. Leu e escreveu compulsivamente até sua morte.
Marginal e um tanto auto-biográfica, sua obra nos fala sobre
a angústia, a solidão e a confusão ideológica que marcaram as décadas de 70, 80 e 90, as fraquezas humanas, os desejos sexuais mais ocultos e vulgares, os vazios existenciais de personagens cheios de conflitos psicológicos, a maçante rotina das grandes cidades, a frieza do ser humano.
Abertamente homossexual, fez de sua obra um espaço de culto ao amor sem preconceitos. Rompia totalmente com esses valores pré-estabelecidos por nossa hipócrita sociedade judaico-cristã. Falava de amor de uma forma linda, mas quase nunca com final feliz.
E mantinha uma postura firme com relação aos detalhes de sua vida privada, sem medo de opiniões alheias nem das consequências do que falava ou escrevia.
Foi um dos
um dos grandes expoentes da literatura brasileira contemporânea ao expôr cruamente toda a verdade e a sujeira que a maioria das pessoas teimam em ocultar.
Caio F. vende hoje mais do que vendia em vida. Sua obra tem sido republicada, várias encenadas nos teatros. Talvez as pessoas estejam a acordar para o imenso talento que perdemos. Antes tarde do que nunca. Que falta você nos faz, Caio!

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