Há mais de 20 anos o HIV/AIDS está entre nós.
No ano de 1981 foram identificados os primeiros casos nos Estados Unidos. No ano seguinte cientistas conseguiram definir melhor a doença e suas formas de transmissão. De lá para cá a sindrome ceifou a vida de milhões de pessoas mundo afora, e em meio a muita incerteza, dor e preconceito, o vírus silenciosamente agiu ignorando fronteiras territoriais, classes sociais, raças, idades, crenças religiosas e orientações sexuais.
Felizmente com o avanço da medicina e a fabricação de drogas eficientes, o HIV perdeu o status de "bicho-papão" e a AIDS é hoje uma doença crônica controlada através de adesão correta ao tratamento prescrito pelos infectologistas. As perspectivas científicas são animadoras: há vacinas em fase de testes e as estatísticas mais recentes demonstram que os soropositivos que fazem uso regular dos anti-retrovirais ganham em qualidade de vida e que a incidência de mortes causadas pelo HIV ou pelas infecções oportunistas decorrentes do vírus decresce a cada ano.
O Brasil, com seu eficiente programa nacional anti-HIV/AIDS, é exemplo mundial de excelência no tratamento da enfermidade. Há distribuição gratuita da medicação, ampla rede de apoio clínico e laboratorial assim como um importante trabalho de conscientização e prevenção sendo feito a nível nacional. A informação e o uso dela ainda são as armas mais eficientes contra o vírus.
Recordo-me que há algum tempo atrás lí um artigo interessantíssimo sobre HIV/AIDS, escrito pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, um dos maiores símbolos brasileiros na luta contra a doença e contra o preconceito. Ele dizia que a AIDS "era a doença mais espetacular produzida ao longo da história da humanidade" porque ela nos fez lembrar que a morte é inevitável para todos e além disso ela nos fez encarar assuntos que até hoje são tabus em nossa sociedade, como, por exemplo, os variados comportamentos sexuais e o uso de drogas injetáveis.
Essa doença expõe ainda nossas fraquezas e preconceitos, desnuda nosso falso moralismo e questiona nossa pseudo-modernidade e tolerância. A AIDS é sim uma doença revolucionária nesse sentido, e por ter esse poder de chacoalhar valores é muito útil. Cabe a nós essa oportunidade para apreendermos a lição que ela traz em suas entrelinhas e aprendermos a ser mais solidários, conscientes e acima de tudo mais humanos.
Longa vida a todos os soropositivos! E que muito em breve surja a notícia de uma cura definitiva para esse mal!
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