segunda-feira, junho 02, 2008

A Amazônia brasileira



Fico feliz por perceber que finalmente há uma ampla discussão nacional sobre a questão da selva amazônica.

Morei na região por quase uma década durante minha adolescencia.
Já naquela época era muito questionada por lá a presença estrangeira, representada por ONGs e missões religiosas, e os reais interesses que motivam a vinda e permanência de tais organizações e pessoal naquela área.

Primeiramente quero deixar claro que não sou xenófobo em absoluto. O que me causa aversão é a forma como a mídia internacional tem tratado o assunto. Muitos não passam de histéricos eco-chatos que nem sequer conhecem a realidade amazônica e fazem alarido baseados em estudos duvidosos ou tendenciosos, já outros são críticos vazios, que apontam os defeitos alheios prontamente mas que são incapazes de renunciar aos seus pequenos hábitos cotidianos em nome de um planeta mais ecologicamente equilibrado.

É desnecessário dizer que as missões religiosas, sejam católicas ou evangélicas, contribuem sim para o infeliz processo de aculturação das sociedades indígenas. Trata-se da imposição de valores e crenças que desrespeitam e deturpam a cultura indígena. E que se dão, de forma geral, sem nenhum controle ou fiscalização governamentais e até mesmo com a conivência de órgãos (in) competentes como a ineficiente FUNAI, apesar dos protestos de antropólogos, sociólogos e etnólogos que atuam junto aos índios.
A política indigenista brasileira prcisa ser revista e reformulada com urgência, e tais intervenções religiosas devem ser coibidas para que possamos preservar essa imensa riqueza e diversidade cultural que ainda existe em nosso território.
É chegada a hora de atentarmos para a importância que a Amazônia tem para o Brasil, seja por sua grandiosa extensão territorial (e consequentemente por uma questão de soberana nacional) ou pelas infinitas riquezas hídricas, minerais, vegetais e animais. É simplesmente incalculável o valor daquela área ainda desconhecida pela maioria da população brasileira.
Os países desenvolvidos que hoje acusam o Brasil de incompetência ecológica deveriam olhar para todos os equívocos que já cometeram e ainda cometem em nome do progresso econômico, desde os tempos das conquistas e colonizações predatórias até o atual panorama de poluição e aquecimento global.
Não pretendo com isso isentar o Brasil de suas respectivas falhas, omissões e lentidão no combate ao desmatamento desenfreado ou nas brechas que existem na lei e que em muito facilitam tanta ineficiência com relação ao comércio descarado de terras públicas e quanto a escassa fiscalização de pessoas, empresas e organizações em território amazônico. Falta uma seriedade nas políticas públicas que lidam com o tema, minguam os recursos para pesquisas acadêmicas idôneas, não existe uma preocupação em implantar-se o desenvolvimento sustentável para melhorar a qualidade de vida dos moradores locais.

Faz-se necessária uma grande mobilização social para que dessa vez tenhamos soluções concretas para esta questão ainda bastante polêmica e complexa que diretamente nos diz respeito. Só assim a sociedade brasileira enxergará a Amazônia não mais apenas como uma área inóspita e geograficamente distante, mas sim como o maior patrimônio que legaremos para as futuras gerações.


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