sexta-feira, novembro 09, 2007

PANIC ON THE STREETS OF CURITIBA!!!









Quando um amigo me avisou que haveria um show do Morrissey em Curitiba não acreditei!
Talvez porquê me parecesse muito surreal que o ex-vocalista dos Smiths finalmente viesse com sue turnê OYE ESTEBAN para a América do Sul. Outro detalhe que aumentava minha desconfiança sobre a veracidade dessa notícia era a data do show: PRIMEIRO DE ABRIL DE 2001! Justamente no Dia da Mentira?!?!?!? Seria mesmo verdade?!?!?!?

Para os desavisados, The Smiths foi uma banda britânica, de Manchester, que emplacou grandes sucessos na década de 80. The Smiths é considerada por muitos uma das melhores bandas de todos os tempos! E Morrissey era o frontman e o cérebro dos Smiths. Após aproximadamente 5 anos de carreira a banda teve um fim. E durante sua curta porém substancial existência, The Smiths nunca se apresentou em terras tupiniquins, para desgosto dos fãs. Então a vinda de Morrissey, mesmo com tamanho atraso, foi um alento maravilhoso!

Após o fim dos Smiths, Morrissey segue em carreira solo e se mostra um artista de genialidade ímpar. Suas letras, que são essencialmente confessionais, nos conduzem por um vasto oceano de sentimentos ambíguos, tais como: amor, ódio, sarcasmo, fúria, ironia, alegria, tristeza, paixão, frustrações amorosas, angústias, medos, depressão...
Ele quase nunca concede entrevistas. Sua vida pessoal é envolta em mistério. Embora se auto-proclame celibatário, atribui-se a ele uma suposta homossexualidade, que ganha certo embasamento se analisadas cuidadosamente as letras de suas músicas, assim como suas referências cinematográficas e literárias. Além disso é ativista vegetariano e defensor do bom tratamento aos animais, não bebe nem fuma. E é, por fim, uma lenda para todos aqueles que tem bom gosto musical e se identificam com suas letras puramente líricas.

Muito rapidamente o burburinho sobre o show ganhou força e logo em seguida a mídia começou a anunciar o evento. O choque inicial se transformou em esperança de ter um sonho realizado. Iria ver de perto um mito do rock e meu maior ídolo! Embora já tivesse ido em outros shows internacionais, de artistas que gosto, esse tinha algo especial. Para mim (e para muitos), Morrissey é o maior inglês vivo e o maior poeta da música britânica de todos os tempos. Apressei-me em garantir meu ingresso e conforme a data do show se aproximava maior se tornava minha ansiedade e expectativa.
Como já lecionava inglês naquela época, não pude ficar de plantão no aeroporto, onde imaginava ser mais fácil vê-lo e talvez (com um pouco de sorte!) tocá-lo ou até pegar um autógrafo. Mas após sair do trabalho corri para a porta do hotel, onde encontrei um reduzido número de fãs. Permanecemos juntos, esperamos bastante... até que Morrissey himself chegou. Quando o reconheci dentro do carro meu coração palpitava de emoção. E apesar da truculência dos seguranças do hotel consegui tocar em sua mão.
À noite, apesar do friozinho tipicamente curitibano, fui animado à FORVM, onde o show se realizou. Tive a oportunidade de conversar com alguns integrantes da banda, que anonimamente lanchavam na padaria da esquina da FORVM.

Admirou-me novamente a pontualidade britânica! O show começou na hora estipulada, coisa rara por essas bandas. Morrissey, senhor absoluto dos palcos! Canta espetacularmente e encanta a todos nós com um setlist primoroso! Mostra no palco, o tempo todo, muita simpatia, elegância nos mínimos detalhes e um excesso de afetação, mas sem nenhuma vulgaridade!

Como sempre, chicoteia o fio do microfone no ar. Interage com a platéia, arrisca umas palavrinhas em portuñol. Perfeito!

Em uma das trocas de roupa, atira ao público uma camiseta que tinha sido usada naquele instante. Por estar bem de frente ao palco, a peça cai em minhas mãos! Rapidamente começa uma luta absurda pela camiseta, e quando senti que a perderia, pois já se desfazia em tiras, arranquei com dentadas um pedaço dela para mim, relíquia preciosa que guardo para a posteridade.

Com o frenesi, perdi totalmente a noção de tempo e espaço. Chorei, gritei, sorri, me emocionei - não necessariamente nessa ordem. Um turbilhão de emoções tomou conta de mim! Era bom demais para ser verdade! Percebi mais tarde que o show durou cerca de uma hora e meia. E apesar de ter sido a noite mais feliz da minha vida inteira, ficou aquele gostinho de quero mais.

Morrissey nunca é demais!

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